A utilização da Cannabis medicinal nas favelas tornou-se tema central de debate em um recente encontro promovido pela Coordenação de Cooperação Social da Fiocruz. A roda de conversa, intitulada “Favelas, Cannabis Medicinal e Direito à Saúde,” reuniu profissionais da saúde, estudantes, mães de crianças atípicas, ativistas, líderes comunitários e servidores públicos. O evento explorou o potencial terapêutico da Cannabis em condições de saúde como epilepsia, fibromialgia, artrite, esclerose múltipla, transtorno de ansiedade, depressão, Parkinson, Alzheimer, Síndrome de Tourette, câncer, entre outras.
Apesar da autorização da ANVISA em 2015 para o uso medicinal de produtos à base de canabidiol (CBD) e, posteriormente, em 2019, para medicamentos à base de THC, o acesso à Cannabis medicinal permanece restrito devido aos altos custos. O Núcleo de Estimulação Estrela de Maria (NEEM) foi criado em 2021 como resposta a essas desigualdades, proporcionando apoio a famílias em favelas e doando medicamentos à base de Cannabis. O NEEM já atendeu cerca de 400 mães em dois anos e está presente em 114 favelas no estado do Rio de Janeiro.
Para Rafaela França, fundadora do NEEM, o debate sobre a Cannabis medicinal precisa se expandir entre profissionais de saúde e população em geral, visando uma medicina individualizada e acessível. O projeto enfrenta desafios ao atuar em meio à estigmatização da maconha nas favelas, mas Rafaela destaca que a autonomia como mãe de uma criança atípica legitima o trabalho desenvolvido. O NEEM não apenas doa medicamentos, mas oferece apoio psicológico às famílias, consultas médicas gratuitas e auxílio no processo burocrático para obtenção de licenças junto à ANVISA.
Outro participante importante do evento foi o coletivo antiproibicionista SUStenta Cannabis, que facilita o acesso a consultas médicas e jurídicas para pacientes interessados em tratamentos alternativos com CBD. A atuação do coletivo visa fornecer orientação e consultas gratuitas para a população de baixa renda. O debate ressaltou a importância da escuta na saúde e a necessidade de políticas públicas que garantam o direito à saúde para toda a população, independentemente de sua condição médica ou localidade.
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